Na tarde fria do mês
de agosto em seu primeiro dia,
contemplo da janela do
meu quarto
o anúncio da chegada do
crepúsculo!
Diante dessa mostra
de fiapos avermelhado
que aparecem no céu e
que no horizonte deslizam,
cobrindo os vestígios
de um temporal antecipado,
vejo o viajar triste
do rio com suas águas claras,
que transborda
despejando pelo Vale sua agonia,
na tentativa de
apagar a triste lembrança,
do canto de lamento
dos pássaros migrantes,
que voam pela encosta,
na tarde que morria.
Apesar do temporal
que devagar se esvai,
deixando um vento
seco arreliando os galhos
da quaresmeira, com
flores em aquarela,
balançando ao sabor
da morna brisa,
que pela tarde se finda
numa calma singela.
Agora tudo parece
sereno, tão quieto, ameno...
Os pássaros ainda
mostram seu canto!
Mas não podem
perceber a beleza que eu via
quando o sol com todo
o seu encanto
brilhava por entre as
flores de laranjeiras,
e se esparramava pelo
chão,
inundando de alegria,
numa linda perfeição.
Esta quietude agora
me acalma.
O rio no seu viajar
tranquilo com suas águas claras.
O sol tão brando traz
ainda o seu brilho
e vai se escondendo por
traz da serra,
permitindo o
desabrochar do crepúsculo
que pelo céu se
anuncia.
Nuvens cinza cobrem o
Vale, numa arrojada magia!
A noite chega. Este
silêncio em meu quarto
me traz ainda o
perfume das flores
que vem do mato, em
aquarela!
Sinto-me adormecer ouvindo
o cantar
dos pássaros
cantores. E eu, fecho a janela.
Odila
Placência
Barueri
/ SP – 01/08/2011